Programação inclui apresentações com linguagens variadas e valoriza raízes do Festival, que brotaram da presença do circo em suas primeiras edições
Trupe Lona Preta (São Paulo/SP) apresenta "Circo Fubanguinho" domingo (10/7). Foto: Lenon Cesar/Ambar Audio Visual
Tem quem diga que o riso é um ‘santo remédio para a alma’. Para remediar as dores após dois anos sem a presença e também para contemplar a eterna criança que existe dentro de cada um de nós, o Feverestival - Festival Internacional de Teatro de Campinas - chamou aos palcos artistas e grupos circenses que farão desta 16ª edição um picadeiro de variedades artísticas para todos os públicos e gostos.
O circo, uma linguagem muito importante dentro das artes da cena, é presença certeira desde os primórdios do Festival. Quando os artistas de Campinas plantaram a semente do que seria hoje o Feveres, no início dos anos 2000, ele já estava sendo muito regado à circo e palhaçaria. “Nas primeiras edições o Festival tinha os ‘cabarés’, que são eventos teatrais onde os artistas apresentam pequenas cenas. Ali, o pessoal do circo recheava a programação”, relata Dudu Ferraz, membro do Núcleo Feverestival.
Segundo ele, o circo carrega consigo inúmeras linhas tradicionais da cena e da arte da presença. “O circo também consegue contemplar uma diversidade grande de linguagens e reunir públicos variados para assistir. Um dos pilares do Feverestival está justamente em oferecer programação para o público mais plural possível, e o circo consegue reunir jovens, adultos, idosos e crianças na plateia de um mesmo espetáculo”.
O circo na 16ª edição
Dentro da programação de espetáculos que são da tradição do circo, existe uma pluralidade na forma de criação e do fazer artístico de cada um. A mesma linguagem consegue então conversar com diferentes públicos: desde crianças, até idosos. Para falar sobre as atrações circenses no 16º Feverestival, a equipe de comunicação pediu para Dudu Ferraz nos auxiliar com seu relato sobre que o público pode esperar da presença tão relevante do circo nesta edição:
“No SESC Campinas vamos ter dois espetáculos: “Quando acordei, o circo já tinha ido embora”, da Trupe Trapaceros (Franco da Rocha/SP) no Teatro de Arena, e “O Pe®dido”, da Cia Beira Serra de Circo e Teatro (Botucatu/SP), que é em teatro fechado, com uso de projeção, mais relacionado com circo-teatro.
No SESI Amoreiras vamos ter o espetáculo “Circomuns”, do Circo Teatro Palombar (São Paulo/SP), que levará muitas pessoas para o palco, com música ao vivo… é aquele tipo de circo que segue um número atrás do outro, que desafiam as lógicas da física e são impressionantes ao olhar.
Teremos também no último dia de Festival a performance “Ringue Rua”, da Família Burg (Campinas/SP). Ele não é um espetáculo feito para plateia em teatro, mas sim uma intervenção durante um evento de gastronomia em espaço aberto, realizado pela Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Campinas, que vai acontecer no mesmo dia e local.
Por fim, o “Circo Fubanguinho”, da Trupe Lona Preta (São Paulo/SP), traz o circo com música ao vivo. Vamos ter muitas pessoas se apresentando também, mas na rua, em espaço aberto, com um humor escrachado ligado às questões contemporâneas e políticas. Este último é um circo que se propõe a questionar, satirizar e mostrar o ridículo na forma política com que a sociedade se organiza.”
"O Pe®dido", da Cia Beira Serra de Circo e Teatro (Botucatu/SP). Foto: Ricardo Romero
Circo e expressão
Para falar de assuntos que muitas vezes se tornam tabus, o riso bem colocado pode ajudar a expor estas situações com maior leveza. Artistas que estudam, criam, trazem e praticam o riso em seus trabalhos - que seja o riso que não é do outro, mas sim de rir com o outro -, conseguem proporcionar ao público momentos de alívio e reflexão, alimentando a vontade de estar juntes e cultivando convívios em suas vidas.
Rafael Garcia, artista do Circo Teatro Palombar (São Paulo/SP), conta que ser artista de circo é um projeto de vida. “Muitas vezes ficamos mais juntos trabalhando do que com nossa própria família, mas esse convívio é bom, reverbera em nosso trabalho e empenho, um motivando o outro a crescer e buscar mais conhecimento cultural”.
Para Rafael, os momentos de conexão com o público são um privilégio vivido por eles enquanto artistas e seres humanos. “Sinto que atingimos muitas camadas emocionais e de reflexão quando aparecemos nas apresentações, mexendo com o lúdico de cada um com quem trocamos olhares”.
Versar sobre o amor também é possível através do circo. Segundo Fernando Vasques, dramaturgo da Cia Beira Serra de Circo e Teatro (Botucatu/SP), apesar da palavra ser singela, ela não é nada simples. “Em tempos tão sombrios, diante de tanto ódio, falar do amor que ainda move a Cia Beira Serra foi, e ainda é, nosso humilde e sincero ato de resistência”.
Ele conta que o circo sempre foi uma frente artística muito dinâmica ao incorporar outras linguagens como o teatro, a dança, a música e as artes plásticas. “Inclusive o circo-teatro brasileiro é um desdobramento dessa engenhosidade do circo. Acreditamos que a presença do circo nos festivais de teatro celebra as artes cênicas de forma abrangente, produzindo atravessamentos, inspirando e encantando público e artistas”.
Os festivais de teatro configuram eixos de convergência cultural e o circo é parte integrante deste organismo que pulsa e vibra em cada celebração da vida. Investir esforços na promoção destes eixos estrutura toda uma rede que se alicerça desde a base da formação de público, até a valorização da produção artística local. Joana Piza, artista da Família Burg (Campinas/SP), já participou de outras edições do Feveres, mas afirma que essa tem um gosto diferente… o do retorno à presença fazendo o que mais se ama.
“Ser artista de circo é valorizar a identidade cultural do meu país, olhar para as formas que a linguagem circense assumiu no contexto da cultura popular, e aproximar o circo como manifestação artística dos territórios onde o picadeiro se faz presente, com ou sem lona”.
Ficha técnica
QUANDO ACORDEI, O CIRCO JÁ TINHA IDO EMBORA
TRUPE TRAPACEROS
Franco da Rocha/SP | Para todas as idades
Data: 5/7, terça-feira
Horário: 15h | Local: SESC Campinas
Duração: 50min | Classificação etária: Livre | Grátis (Retirar ingresso no local 1h antes)
Sinopse: “Quando acordei o circo já tinha ido embora” é um espetáculo que trata das nossas memórias de infância. Revive as lembranças dos circos brasileiros de lona itinerantes que moram no coração da nossa memória. Recheado de números circenses de acrobacia, aéreos, malabarismo e palhaçaria, o espetáculo é embalado por músicas autorais tocadas ao vivo.
Dramaturgia: Marcelo Paixão | Direção: Meire Ramos | Banda: Caio Cury, Camila Borges e Priscila Freire | Artistas: Marcelo Paixão e Meire Ramos | Cenografia: Dodô Giovanetti | Figurinos: Isa Maria | Técnico de palco: Adriano Bitu | Iluminação: Stephany Hermínio | Captação e edição de imagem e vídeo: Mari Moura | Produção Executiva: Organza Organiza | Produção Artística: Trupe Trapaceros | Fotografias de divulgação: Emerson Mathias | Motorista: Cláudio Paixão
CIRCOMUNS
CIRCO TEATRO PALOMBAR
São Paulo/SP | Para todas as idades
Data: 7/7, quinta-feira
Horário: 20h | Local: SESI Amoreiras
Duração: 1h | Classificação etária: Livre | Grátis (Ingressos pela plataforma online MEU SESI)
Sinopse: Aqui circulam pessoas comuns, trabalhadores anônimos da cidade, cruzam histórias despercebidamente ao nosso olhar mas em uma dessas esquinas do bairro atravessam a sensibilidade de artistas de circo que não se enquadram na dureza cotidiana e buscam transformar instantes da vida em momentos de criação e potência.
Coordenação geral e Direção: Adriano Mauriz | Assistente de direção: Marcelo Nobre | Cenário: Marcelo Larrea | Maleta: Eduardo Salzane | Adereços: Coletivo Circo Teatro Palombar | Figurino: Carlos Gardin e Laura Alves | Iluminação: Fernando Alves | Concepção e Produção: Coletivo Circo Teatro Palombar | Elenco de Artistas: Dinho Dini, Giuseppe Farina, Guilherme Torres, Henrique Nobre, Leonardo Galdino, Marcelo Nobre, Paulo Santos, Rafael Garcia, Vinicius Mauricio
O PE®DIDO
CIA BEIRA SERRA DE CIRCO E TEATRO
Botucatu/SP | Para todas as idades
Data: 8/7, sexta-feira
Horário: 15h | Local: SESC Campinas
Duração: 55min | Classificação etária: Livre | Grátis (Retirar ingresso no local 1h antes)
Sinopse: Em Nossa Senhora das Dores de Cima da Serra, às vésperas da Festa da Padroeira, Januário quer pedir a mão de Sá Marica em casamento. Seu amigo Zé Tobó o aconselha a usar uma infalível poção do amor preparada por Dona Ermelinda, benzedeira e curandeira do lugar, que por sua vez tem um passado mal resolvido com Seu Tonico, pai de Sá Marica. Mesmo alertados de que, no amor, intervir com poção nunca foi solução que prestasse, os dois investem nesse caminho e armam uma grande confusão.
Direção: Fernando Neves | Dramaturgia: Fernando Vasques e Mimi Tortorella | Elenco: Carol Tieghi, Fernando Vasques, Mimi Tortorella, Murilo de Andrade, Osvaldo Gazotti e Regina Blanco | Direção musical e Músico: Dael | Iluminação: Osvaldo Gazotti | Cenografia: Laura Françozo e Otávio Seraphim | Figurinos: Laura Françozo | Adereços: Marcela Donato e Laura Françozo | Perucaria e visagismo: Oficina da Malonna | Costura: Ivete Dias | Operador de Luz: Gabriel Lino | Poesias: Pereira da Viola e Ricardo Silvestrin
RINGUE RUA
FAMILIA BURG
Campinas/SP | Espetáculo de Rua
Data: 10/7, domingo
Horários: 11h15 e 15h | Local: Praça Carlos Gomes
Duração: 45min | Classificação etária: Livre | Grátis
Sinopse: Nesta intervenção, a Família Burg convida o público a formar um grande tablado itinerante onde performarão figuras inusitadas como o atrapalhado palhaço Gonçalvez e seu oponente- rival, Hugo, o Terrível. Diferentes modalidades de jogos farão parte deste Ringue: pega-pega, luta de boxe, guerra de polegares, peteca, dança das cadeiras, rinha de dedos entre outras bobagens. Na condução e no apito, o desporto cômico, fica na conta do juiz que põe em dúvida as próprias regras do combate.
Elenco: Hugo Burg Cacilhas, Ivens Burg Cacilhas, Joana de Toledo Piza
O CIRCO FUBANGUINHO
TRUPE LONA PRETA
São Paulo/SP | Espetáculo de Rua
Data: 10/7, domingo
Horário: 17h | Local: Praça Correia de Lemos (em frente ao Teatro Castro Mendes)
Duração: 1h | Classificação etária: Livre | Grátis
Sinopse: “O Circo Fubanguinho” é um espetáculo inspirado nas charangas, farsas e bufonarias. As músicas pontuam e costuram o enredo. Nele, dois palhaços, demitidos e expulsos do picadeiro, tentam se inserir a qualquer custo.
Direção: Sergio Carozzi e Joel Carozzi | Elenco: Alexandre Matos, Henrique Alonso, Joel Carozzi, Sergio Carozzi e Wellington Bernado | Produção: Henrique Alonso | Assistente de produção: Dona Méris e Márcia Carozzi | Cenografia: Xisté Marçal
Serviço
16º Feverestival
Quando: 3 a 10 de julho de 2022
Onde: Campinas/SP
Programação completa disponível em http://feverestival.com.br
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O Núcleo Feverestival é composto por Bruna Schroeder, Cauê Moreira, Dandara Lequi, Dudu Ferraz, Francisco Barganian, Lucas Michelani e Vini Silveira.
A 16ª edição é uma realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa; produção da Território Produções Culturais e Núcleo Feverestival; correalização da Universidade Estadual de Campinas, Cocen (Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa), Lume Teatro (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp) e Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura de Campinas.
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